A duras penas, consegui finalmente iniciar esse post. Ufa!
Hoje, eu coloquei todos os meu preconceitos e questionamentos a respeito da minha condição de Pedagoga, ou melhor, estudante de pedagogia, de lado para me render a uma sensação jamais sentida, a de "VALEU A PENA".
Hoje eu retornei a escola que fiz estagio, para resolver umas questões e de quebra rever "meus filhos". Na verdade, as "questões" foram apenas desculpa. A um tempo estava querendo aparecer por la, desde que soube do problema envolvendo um aluno, que chamarei de G*, e que construi um vinculo afetivo muito grande.
Sabe quando vc levanta com uma vontade imensa de abraçar alguém, de dizer que "não se preocupe, pq tudo vai passar", de fazer com que a pessoa abraçada sinta que com vc ela pode se sentir segura, que por um momento ela pode relaxar, nem que seja por simples segundinhos, de receber um abraço sincero, sem fingimento, e acima de tudo, espontaneo? Eu estava assim, semana passada. Senti algo que me deixou até um pouco "grilada"; algo dentro do meu peito gritava por um abraço, gritava por um abraço especial, o abraço de G., daquele jeito que so ele sabe fazer, quando aparece sem vc menos esperar e te abraça, te beija,da risada, e sai correndo... Não sei, mas senti que precisava aparecer nem que fosse pra dizer que estava com saudades dele...Principalmente depois das noticias, e pq todos os dias pergutava a Jami como ele estava; como as respostas não eram boas, essa vontade so aumentava.
Infelizmente, as coisas não são como a gente quer; eu so pude visitá-lo hoje. Se eu soubesse que a recepção das outras crianças seria tão calorosa, teria ido antes.
Isso não muda a minha opção de trabalho, no que diz respeito à Educação Infantil, mas é inegavel o quanto essas criaturinhas tão indefesas, conseguem nos conquistar, cativar.
Bom,voltando a G, assim que cheguei pude constatar o que Jami havia me dito:G não está bem! Ele me olhava meu desconfiado, sorria, mas logo se fechava...Tentei chamar ele para sentar no meu colo, no momento da rodinha, mas ele recusou. Depois de um tempo, ainda meio desconfiado, sentou-se em meu colo e me abraçou!!Ganhei o dia!!!O mundo poderia acabar ali pra mim, que estaria feliz. Não foi um abraço como os de antes, foi um abraço muito mais distante, por conta da condição em que ele se encontra, mas ainda assim valeu a pena pq pude constatar que ele ainda lembrava de mim.
Pronto,esse foi so um meio de reaproximação e logo G, estava comigo jogando bola dentro da sala, coisa que ele adora; em seguinda, pegou o copo dele, em entregou num gesto de pedido de agua, segurou a minha mão, e seguimos para buscar a agua; alias, como ele sempre fez, no periodo em que estagiei la.
Aparentemente, estaria tudo dentro dos conformes se não fosse por um detalhe, o brilho no olhar. G já não tem mais aquele brilho, também depois de tudo, nada mais natural; seu olhar esta distante, distraido,vago, desconcentrad...sua tristeza transparece e preocupa. Como pode uma criança tão pura, tão doce, tão ingenua,tão amavel, passar pelo que esta passando? Como pode um ser humano ser tão cruel ao ponto de fazer o que fez com o pai de G?
Olhar pra G, perceber e sentir o seu distanciamento do mundo, foi mais dificil e sofrido, comparado ao dia em que recebi a noticia causadora desse distanciamento. Precisei conter as lagrimas no momento, mas agora, enquanto escrevo e relembro toda a trajetoria, esta dificil conte-las.
Os sentimentos se confudem, raiva, compaixão, preocupação...
Se dar conta da perversidade do ser humano e de quanto podemos ser tão despreziveis,mesquinhos, é duro!
Eu so peço a Deus que conforte essa familia, e dê discernimento a mãe de G para seguir em frente.
Vou encerrar meu relato, pois esta dificil escrever em meio a tantas lagrimas.