quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O Calar e o Silenciar

CALAR

"Calar-se é um ato humano. O homem exercita-se no sentido de conter a fala, não apenas exteriormente, mas também calando-se internamente. Isso é difícil. [...] Calar é extremamente é simples. O que se torna difícil é calar os pensamentos que soam o tempo todo ao redor da mente. Para os monges, esta contenção consiste, principalmente, na renúncia às coisas que valorizamos. Antes de nos conscientizarmos, damos valor àquilo que vivenciamos. Valorizamos nossos próprios pensamentos e sentimentos, e as pessoas com quem lidamos. Formamos rapidamente uma opinião a seu respeito e as marcamos com determinados rótulos. Os antigos monges, conhecidos como 'confrades', que, de fato, calavam-se externamente, tinham, porém, seus corações em contínuo diálogo, pois guardavam, no íntimo, opiniões uns sobre os outros. O esforço para renunciar a tais opiniões é um caminho exaustivo, que exige atenção constante. [...] Só podemos calar se renunciamos ao costume de julgar os outros e de nos compararmos a eles. Nada podemos fazer para impedir que os pensamentos de opiniões e comparação pessoal se manifestem, porém devemos sempre e continuamente deixá-los de lado, reduzindo-os, assim, ao silêncio. O calar é, antes de tudo, a renúncia às avaliações e opiniões. É um aprendizado que requer perseverança. Até que se tornem, de fato, interiormente silenciosos, os monges precisam praticar, anos a fio, este caminho do calar".


SILÊNCIO

"O silêncio está à nossa disposição, é um estado que vivenciamos. O silêncio nos envolve. Para que possamos entrar em contato com este silêncio que temos à volta, é essencial que não nos envolvamos em nosso barulho interior e, de tal modo, não o ouçamos. [...] O silêncio é um elemento que nos faz bem. É um estado de pureza, é algo que não se coloca em evidência, é alguém que renuncia a ser notado. Alguém que apenas está ali. O silêncio é algo mais que ausência de ruído. [...] O silêncio existe diante de mim e independente de mim. Entretanto, não vivenciamos o silêncio apenas por fora, mas também interiormente. Existe em nós um espaço próprio do silêncio, e esse espaço existe independente do que fazemos, de nos mantermos calados ou falantes".*


*Trechos do livro "O Poder do silêncio", Anselm Grun.