quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Uma pausa...





"O pessimismo passou, mas o bom propósito não: farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo, por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz... 
Também é bom porque em geral se pode ajudar muito mais as pessoas quando não se está cega de amor."

Clarice Lispector





sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Metáfora da Amizade



Certo dia, perdida em meus pensamentos, lembrei-me de algo interessante; uma história que um dia ouvi.

Dois amigos conversavam bem descontraídos, felizes, quando o amigo A perguntou ao amigo B o motivo pelo qual ele havia se distanciado do Amigo C, já que eles vivam juntos. O amigo A disse-lhe:

- Se nós dois resolvermos plantar uma sementinha, que um dia se transformará em uma bela flor e dividirmos a responsabilidade de cuidar dela, mas você, por algum motivo não cumprir a sua parte, não regar a sementinha no dia que é seu, e deixar apenas que eu faça a minha parte, provavelmente essa sementinha irá demorar a crescer. E se ao crescer, apenas eu continuar a cuidar dela, nos dias que me cabem, provavelmente ela não irá sobreviver muito tempo. Para que a semente cresça forte e se transforme numa bela flor, é preciso que haja a participação dos dois; é preciso que haja o empenho dos dois. E ainda que a bela flor um dia venha a morrer, outras sementes deixará pelo caminho, onde juntos iremos regar, cuidar para que se transforme também em  belas flores...Pois bem, ele esqueceu os dias dele!A semente demorou para se desenvolver, cresceu fraca e logo morreu.


“Compreendi que viver é ser livre…Que magoa passa… Que decepção não mata… Que hoje é reflexo de ontem… Compreendi que podemos chorar sem derramar lagrimas… Que os verdadeiros amigos permanecem… Que dor fortalece… Que vencer engrandece… Que pra sorrir tem que fazer alguém sorrir…Que a beleza não está no que vemos, e sim no que sentimos… Que o valor está na força da conquista… Compreendi que as palavras tem força… Que o olhar não mente… Que viver é aprender com os erros… Que o SEGREDO da vida é VIVER !!!” Clarice Lispector








domingo, 23 de outubro de 2011

Meu Deus me dê coragem!!



Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
 todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. 
Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. 
Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as 
Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. 
Faça com que minha solidão me sirva de companhia. 
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. 
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim 
me sentir como se estivesse plena de tudo. 
Receba em teus braços o meu pecado de pensar. 

 (Clarice Lispector)





quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Apenas uma reflexão...

Que as aulas da especialização me deixam um tanto quanto "na estratosfera", isso quem me conhece sabe que é verdade. Mas hoje a coisa estava para além da estratosfera, se é que se pode dizer isso. Ao mesmo tempo, serviu - esta viagem do nada a algum lugar ainda desconhecido -, para que eu pensasse que lugar é este que estou, e o que estou fazendo para significar minha estada.

Bom, tal momento reflexivo se deu a partir de duas frases - que agora entram para as páginas do meu memorial, sem dúvida -, colocadas propositalmente pelo professor, que diziam o seguinte (longe de mim querer relatar a minha reflexão profunda sobre tais frases, irei me ater a algo mais básico e subjetivo):

"Meu cú é um lobo". Deleuze
"Onde meu cú é um lobo, a ciência é um pau que brocha". Lima Jr.

É engraçado, para uns desconcertante, exótico...Mas em meio aos risos exagerados, contidos, reprimidos e silêncios gritantes, coloquei-me a pensar sobre o que Deleuze tentou/queria despertar nas pessoas que leram/leriam esta frase. 

E trazendo um pouco para o contexto da minha vida, para situação em que me encontro - situação esta que, segundo minha amiga Renata, é periclitante -, penso que o Cú a que Deleuze se refere nada mais é que a sua vida, o sujeito Deleuze no ápice da sua voracidade, querendo tudo e lutando ferozmente por aquilo que almeja e deseja - UM LOBO. Eu digo que, neste momento, o lobo, o meu lobo está perdido em algum lugar que ainda desconheço; o meu cú (aqui entendido como o Ser/Sujeito EU), é um bicho qualquer, que ainda não consegui estabelecer uma relação dentre a relação dos animais conhecidos, mas que fica/estar assistindo as coisas e as pessoas acontecerem/passarem sem aquela força/vontade/coragem de levantar e gritar: EU TAMBÉM VOU EMBARCAR NESSA VIAGEM!!!

É um sentimento de impotência e, ao mesmo tempo, de desespero, perceber o quanto é difícil e doloroso ver o tempo passar sem poder aproveitar com a mesma voracidade de um lobo faminto, as oportunidades oferecidas; é quase a síndrome de Raul Seixas: sentada, com a boca cheia de dentes, esperando a morte chegar". 

É quase um entrar em crise, em meio as crises!! 

Ai... vou ficar por aqui... refletir dói!!!

   

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A difícil tarefa de ser gente grande!!


Por diversas vezes tentei iniciar este e outros post, mas sempre acabava desistindo. A minha ausência se justifica no distanciamento e pausas necessárias que as vezes precisamos fazer, a fim de tentar compreender alguns processos pelos quais passamos; estou nesse momento. A difícil tarefa de ser gente grande desencadeou algumas frustrações, indagações e questionamentos que, no momento, busco por respostas. Se outrora defendia a autoria - ainda defendo e primo por esta, ainda que não pareça-, e questionava o fato de um dia ter sido destituída do lugar de autora/escritora, hoje percebo que, involuntariamente, retorno a esta condição por querer/tentar esconder algo que me faz bem: escrever!! Atribuo o retorno a esta condição também a difícil tarefa de ser gente grande e as responsabilidades que me impuseram e a forma como fizeram isso. O distanciamento da escrita camufla as minhas reais necessidades e desejos, por não querer desagradar outros, ainda que me desagrade e me mate aos poucos; a morte e a violência simbólica constituem-se para mim como questões mais cruéis do que estas no campo físico.

Bom, esse post é apenas para dizer que me encontro nesse movimento de silenciamento, distanciamento, à procura de respostas, entendimentos que proporcione, quem sabe, o retorno a um lugar mais confortável que o que estou agora. 

Procurarei sim, querida Lais, me fazer presente, não buscar me esconder no que outros dizem, mesmo achando que dizem muito mais do que eu poderia dizer. E nesse movimento eu vou me encontrando, me descobrindo, buscando, mesmo que não tenham respostas para me dar, mesmo que as coisas não estejam claras; aprendendo a conviver com certas situações sem valorizar o conformismo, mas lutando por mudanças, ainda que forças não mais tenha, e o desejo de desistência voraz, eu vou tentando SER/ESTAR, nesta condição que ainda me deixam ser e estar: gente grande!!!




terça-feira, 28 de junho de 2011

Atenção, Lorena Bárbara!

Minha cara amiga-sócia Lorena,

há meses a sua pessoa vem lembrando a minha de mudar o layout do seu blog. Todo dia você me perguntava que dia eu iria fazer isso... Depois de muito tempo eu resolvi fazer, mas confesso que não entendo o motivo para tanta pressa, visto que você pouco usa esse espaço. Acho que a frase que criei para o blog veio bem a calhar: você realmente silencia!

Esse silêncio de palavras escritas não entra na minha mente blogueira... Fale, querida. Ou melhor, escreva. Afinal, os blogs são feitos para isso. E, por favor, use mais o seu poder de autoria e esqueça um pouco o que os outros dizem. Valorize o seu texto - que é muito bom - e exponha mais as suas opiniões e seus sentimentos através das suas próprias palavras.

Não foi isso que você aprendeu com o exercício do silêncio? Então exercite-o!

Abraços,

Laís

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Costumes

Esse post é em homenagem a minha sócia, amiga, piuma, Tenente 01,  Lais Assis.

Eu pensei que pudesse esquecer certos velhos costumes, eu pensei que já nem me lembrasse de coisas passadas.
Eu pensei que pudesse enganar à mim mesma dizendo que essas coisas da vida em comum não ficavam marcadas.
Não pensei que me fizessem falta umas poucas palavras dessas coisas simples que dizemos antes de dormir.
De manhã um "bom dia", na cama a conversa informal, o beijo, depois o café,os carros, o jornal.
Os costumes me falam de coisas e fatos antigos.Não esqueço das tardes alegres com nossos amigos.Um final de programa, fim de madrugada, o aconchego na cama, a luz apagada.Essas coisas só mesmo com o tempo se pode esquecer.
Então eu me vejo sozinha, como estou agora e respiro toda liberdade que alguém pode ter.De repente ser livre até me assusta, me aceitar sem você, certas vezes me custa.Como posso esquecer dos costumes se nem mesmo me esqueci de você?

Maria Bethania


 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Eu preciso de você - Maria Bethania

AMO ESSA MÚSICA!!


Eu preciso de você porque tudo que eu pensei que pudesse desfrutar da vida sem você não sei
Meu amanhecer é lindo se você comigo está tudo é mais bonito
No sorriso que você me dá

Eu não vivo sem você
Porque tudo que eu andei
Procurando pela vida agora eu sei
Que andei sabendo
Que em algum lugar te encontraria
Pois você já era meu e eu sabia

Como a abelha ncessita de uma flor
Eu preciso de você e desse amor.
Como a terra necessita o sol e a chuva
Eu te preciso
E não vivo um só minuto sem você

Eu preciso de você
Porque em toda minha vida
Nem por uma vez amei alguém assim
Você é tudo, é muito mais
Do que sonhei pra mim
E é por isso que eu preciso de você

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Se eu Fosse Eu - Clarice Lispector

"Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.

E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como?não sei.

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.

"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais".

(Texto extraído do livro A Descoberta do Mundo, Clarice Lispector, editora Rocco, pg. 156).

quarta-feira, 9 de março de 2011

QUEM EU SOU?! QUEM SOU EU?!


Fui tomada pelas indagações da minha amiga Renata, sobre 'Quem sou eu' e confesso que fiquei um pouco...deixa eu ver uma palavra...desapontada por não saber me definir. Mas será que esse desapontamento é justo? Acho que não, afinal, essa dúvida não é so minha. Todos sentem um pouco de dificuldade em se definir e isso me consola.

Mas na inquietude de desconbrir quem sou, resolvi buscar consolo, alivio ou pistas com alguem que, em frases perfeitamente escritas, consegue traduzir o que estou sentindo e até, talvez, quem realmente SOU: CLARICE LISPECTOR!!

E como já era de se esperar encontrei uma frase que, de maneira muito singela e direta, traduz um pouco dessa pessoa de personalidade forte e às vezes dificil que sou EU!

"Sou inquieta, cuimenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu tenha... Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas" Clarice Lispector

Será que alguém se habilita a fazer tradução melhor ou tão boa quanto de mim?! kkkkk... : )



segunda-feira, 7 de março de 2011

Devolva-me!!!!

"Há um silêncio dentro de mim. e esse silêncio tem sido a fonte de minhas palavras"Clarice Lispector

Há momentos na vida em que não sabemos o que queremos, nem quem somos. Estou nesse momento; nessa incrível incerteza do que quero. Sei quem sou, ou pelo menos acho que sei; mas não sei o que quero, ou sei e não sei que sei? Não sei!

Fato é que, essa profunda incerteza que me toma é fruto daquilo que tiraram de mim: a fé em mim mesma! Foi um árduo trabalho para voltar a acredtira em td que fazia; se comparado a uma escada, posso dizer que nessa busca incessante, estava nos últimos degraus a caminho da felicidade – se é que ela existe. Mas de repente, uma onda me pegou e me arremessou naquilo que eu mais temia: a dúvida!

Vivo hoje na dúvida. Será que de fato subi cada um daqueles degraus ou vivi um sonho, esse muito bom por sinal? Será que realmente fui util ou apenas um objeto, que sem mais utilidade, pode ser descartado e substituivel? Somos substituiveis ou insubstuiveis?

Às vezes me sinto usada; usável...E grito: eu sinto, eu sofro, eu me alegro, eu me comovo.

Chega! estou cansada da rotina de me ser!! Vou recolher-me, voltarei ao exercicio do meu silêncio; pensar nisso tudo dói d+, : ( 
 
 
 

sexta-feira, 4 de março de 2011

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativa”

É uma pena que as pessoas não reconhecem isso, não levam essa responsabilidade a sério e te magoam. O mundo poderia serm bem melhor se cuidassemos mais daqueles que nos amam.

"A rapousa calou-se e observou por muito tempo o príncipe:
-Por favor...cativa-me! – disse ela.
-Eu até gostaria – disse o principezinho – mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
-A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa – Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
-Que é preciso fazer? – perguntou o pequeno príncipe.
-É preciso ser paciente – respondeu a raposa. – Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas cada dia te sentarás um pouco mais perto...

Assim o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
-A! Eu vou chorar.
-A culpa é tua – disse o principezinho. – Eu não queria te fazer mal; mas tu quisestes que eu te cativasse...
-Quis – disse a raposa.
-Mas tu vais chorar!-disse ele.
-Vou – disse a raposa.
-Então, não terás ganho nada!
-Terei sim – disse a raposa – por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou:
-Vai rever as rosas. Assim,compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus e eu te presentearei com um segredo.

O pequeno príncipe foi rever as rosas:
-Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda nos cativou, nem cativastes ninguém. Sois como era minha rapousa. Era uma igual a cem mil outras. Mas eu a tornei minha amiga. Agora ela é única no mundo.[...]

E voltou, então, à raposa:
-Adeus...-disse ele.
-Adeus – disse a raposa. – Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
- O essencial é invisível aos olhos – repetiu o principezinho, para não se esquecer.
-Foi o tempo que perdestes com tua rosa que a fez tão importante.
-Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... – repetiu ele, para não se esquecer.
- Os homens esqueceram essa verdade – disse ainda a raposa.
-Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa...
-Eu sou responsável pela minha rosa...- repetiu o principezinho, para não esquecer.*


Trecho do livro "O Pequeno Principe",  Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 9 de janeiro de 2011

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!


Clarice Lispector