quarta-feira, 13 de abril de 2011

Costumes

Esse post é em homenagem a minha sócia, amiga, piuma, Tenente 01,  Lais Assis.

Eu pensei que pudesse esquecer certos velhos costumes, eu pensei que já nem me lembrasse de coisas passadas.
Eu pensei que pudesse enganar à mim mesma dizendo que essas coisas da vida em comum não ficavam marcadas.
Não pensei que me fizessem falta umas poucas palavras dessas coisas simples que dizemos antes de dormir.
De manhã um "bom dia", na cama a conversa informal, o beijo, depois o café,os carros, o jornal.
Os costumes me falam de coisas e fatos antigos.Não esqueço das tardes alegres com nossos amigos.Um final de programa, fim de madrugada, o aconchego na cama, a luz apagada.Essas coisas só mesmo com o tempo se pode esquecer.
Então eu me vejo sozinha, como estou agora e respiro toda liberdade que alguém pode ter.De repente ser livre até me assusta, me aceitar sem você, certas vezes me custa.Como posso esquecer dos costumes se nem mesmo me esqueci de você?

Maria Bethania


 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Eu preciso de você - Maria Bethania

AMO ESSA MÚSICA!!


Eu preciso de você porque tudo que eu pensei que pudesse desfrutar da vida sem você não sei
Meu amanhecer é lindo se você comigo está tudo é mais bonito
No sorriso que você me dá

Eu não vivo sem você
Porque tudo que eu andei
Procurando pela vida agora eu sei
Que andei sabendo
Que em algum lugar te encontraria
Pois você já era meu e eu sabia

Como a abelha ncessita de uma flor
Eu preciso de você e desse amor.
Como a terra necessita o sol e a chuva
Eu te preciso
E não vivo um só minuto sem você

Eu preciso de você
Porque em toda minha vida
Nem por uma vez amei alguém assim
Você é tudo, é muito mais
Do que sonhei pra mim
E é por isso que eu preciso de você

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Se eu Fosse Eu - Clarice Lispector

"Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.

E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como?não sei.

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.

"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais".

(Texto extraído do livro A Descoberta do Mundo, Clarice Lispector, editora Rocco, pg. 156).