terça-feira, 6 de julho de 2010

Exercitando o silêncio - parte I

Sabe aqueles dias em que voce acorda, com a nitida sensação de que nao deveria ter levantado da cama? Hoje foi mais ou menos assim. O dia tinha tudo para ser um fiasco, se nao fosse por um detalhe que, so de lembrar, me faz sorrir; hoje foi o aniversario do meu pequeno grande amigo. Mas como diz Clarice Lispector: "Algo está sempre por acontecer".
Acordei tarde, atrasada, tinha um compromisso com a diretora de uma escola e ela, simplesmente, nao apareceu com o documento que estava precisando; sair xingando até a ultima geração da criatura, quase perco o horario da pequena homenagem que ia fazer a meu amigo...Aff!!!!Sinceramente, hoje nao era o dia.
Mas o melhor, o mais gostoso da festa, viria depois, no final do dia.
O primeiro "tapa" veio no mais alto estilo; um tipico e suave "cale a boca, que nao estou falando com voce!" Profundo?? Ainda nao. Levei na brincadeira, como costumo fazer, para evitar um aborrecimento.Só nao esperava o que me aguardava. Recolhi minha "insignificancia", e calei-me. Mas chegou o momento de falar; momento em que deveria ter continuado "exercitando o silêncio", o meu silêncio; era tarde demais.
O segundo "tapa" tinha sido dado, e dessa vez, doeu; doeu muito. Fui, por mais que digam que foi besteira, humilhada; me senti humilhada! Não havia motivos e nem merecia ouvir: "ela vai e volta (no que esta dizendo), fala, fala, espreme e nao sai nada". Na hora me calei; ainda "anestesiada", falei. Busquei forças de onde não tinha e reclamei; briguei, discuti, e, se duvidar, ainda fui mal interpretada por muitos- o que pra mim, por hora, não faz ou fez diferença-. Mas nesse momento, nada mais importava; meu mundo ja tinha caido e o "tapa" ja havia sido dado. Não aguentei e fui as lagrimas,chorei. Chorei, porque senti que todo o meu esforço em participar da aula, toda minha tentativa de construção de pensamento, tinha sido desprezada, ignorada; fui desautorizada e humilhada. Chorei, porque estava ferida, machucada. Chorei, porque os brutos também choram, parafraseando a celebre frase. Chorei, porque me faltou forças; porque toda "fortaleza" aparente é um mecanismo de defesa que as vezes falha, afinal, eu tenho sentimentos. É muito dificil ouvir o que ouvi e não demonstrar nenhuma reação, por mais simples que pareça ter sido. Simples para alguns, doloroso para mim. É como se todas as minhas incertezas, angustias, fizessem sentido. Me disseram, com as mais baixas palavras, que o que falo não faz sentido, não tem valor; que enrolo tantando dizer algo, que no final não quer dizer nada.Ou seja, um ser vazio, sem nada a contribuir, a colaborar, a acrescentar. E por mais que digam que estou dando importancia a algo sem importancia, ou a uma pessoa sem importancia e que nao é nada para mim, ainda assim, doe. Doe, porque fui eu quem ouviu; doi, porque sou eu a insegura; doe, porque...Doeu! Muito!. E ainda esta doendo.Mas de nada adianta me lametar, resta apenas silenciar e refletir; vou voltar ao meu "exercicio do silencio" para tentar me recuperar.
Afinal, amanha será outro dia!

"...Que minha solidão me sirva de companhia.

que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo." Clarice Lispector

Um comentário:

  1. Acredito que você já disse a solução, então não vou ser prolixo.

    A idéia é não fugiu da raia e encarar de frente os tiros que andam vindo de todos os lados. E que sempre vão aparecer em toda nossa carreira profissional.

    "Não se deixe abater pelas lembranças do PASSADO. Viva o PRESENTE, pois o AMANHÃ, ainda, não nos pertence."
    (Sonia Bunjes)

    "Se me estressar, num golpe só eu desligo td e deito"
    (Lorena Bárbara)[26/06/2010 - 00:00:58]

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