sexta-feira, 4 de março de 2011

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativa”

É uma pena que as pessoas não reconhecem isso, não levam essa responsabilidade a sério e te magoam. O mundo poderia serm bem melhor se cuidassemos mais daqueles que nos amam.

"A rapousa calou-se e observou por muito tempo o príncipe:
-Por favor...cativa-me! – disse ela.
-Eu até gostaria – disse o principezinho – mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
-A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa – Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
-Que é preciso fazer? – perguntou o pequeno príncipe.
-É preciso ser paciente – respondeu a raposa. – Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas cada dia te sentarás um pouco mais perto...

Assim o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
-A! Eu vou chorar.
-A culpa é tua – disse o principezinho. – Eu não queria te fazer mal; mas tu quisestes que eu te cativasse...
-Quis – disse a raposa.
-Mas tu vais chorar!-disse ele.
-Vou – disse a raposa.
-Então, não terás ganho nada!
-Terei sim – disse a raposa – por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou:
-Vai rever as rosas. Assim,compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus e eu te presentearei com um segredo.

O pequeno príncipe foi rever as rosas:
-Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda nos cativou, nem cativastes ninguém. Sois como era minha rapousa. Era uma igual a cem mil outras. Mas eu a tornei minha amiga. Agora ela é única no mundo.[...]

E voltou, então, à raposa:
-Adeus...-disse ele.
-Adeus – disse a raposa. – Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
- O essencial é invisível aos olhos – repetiu o principezinho, para não se esquecer.
-Foi o tempo que perdestes com tua rosa que a fez tão importante.
-Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... – repetiu ele, para não se esquecer.
- Os homens esqueceram essa verdade – disse ainda a raposa.
-Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa...
-Eu sou responsável pela minha rosa...- repetiu o principezinho, para não esquecer.*


Trecho do livro "O Pequeno Principe",  Antoine de Saint-Exupéry

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